Biomimética - A semente do Futuro.

Biomimética - palavra que vem do grego bios (vida) e mimesis (imitação) - é uma nova ciência que estuda a natureza, não para aprender sobre ela mas sim com ela, procurando estabelecer uma relação, não para extrair, modificar ou dominar, mas apenas para contemplar, admirar e “aprender com ela”.

Os biomimeticistas estudam os modelos da natureza imitando, inspirando-se neles ou em seus processos para responder perguntas e resolver problemas humanos, entendendo a natureza como uma medida a ser valorizada e como uma mentora a ser respeitada e ouvida, reconhecendo que ela muito tem para nos ensinar.

Afinal, são 3 bilhões e 800 milhões de anos aperfeiçoando seus ecossistemas descobrindo o que funciona, o que é apropriado e o que dura alcançando uma performance incrível. Observar a maneira pela qual a natureza executa suas tarefas, relaciona-se com os outros seres e com o meio ambiente, atentando para sua sabedoria e inteligência é, ao mesmo tempo, deslumbrante, assustador e invejável!Nada existe sem razão; Nada acontece sem gerar conseqüências positivas para o meio ambiente ou seus habitantes; não existe “predador” sem causa nobre.

Nada é destruído totalmente; Tudo é reciclado; Nenhuma espécie prejudica à outra sem ser afetada; E a cooperação é sempre recompensada. Nosso planeta poderia ser (ou voltar a ser) um “paraíso” sem excessos ou desequilíbrios se nós - seres “racionais” - não atrapalhássemos o funcionamento genuíno da natureza.




Se tivéssemos humildade para admitir que a Terra não é “nossa” e nós não somos os melhores e nem os mais inteligentes habitantes dela, muito poderíamos aprender pois a natureza é capaz de realizar sem dificuldades proezas com as quais nem sonhamos conseguir, apesar de toda a nossa tecnologia. Poderíamos, por acaso ou intencionalmente, hibernar como os ursos-pardos ou sobreviver nas regiões árticas como os ursos polares? Imitar alguns animais e plantas que utilizam o mimetismo para sobreviver? Viver mais de 3mil anos, pesar 2 mil toneladas, alcançar 100 metros de altura e permanecer fortes, bonitos e eretos sem nenhuma ajuda, como as sequóias? Como aguentaríamos as duras condições dos prados alpinos - frio extremo no inverno, ventos de alta velocidade e sol intenso - e ainda mantermo-nos lúcidos para escolher cores certas e adequadas para usar - como fazem as flores nativas? Será que conseguiríamos aprender a manter-nos limpos e perfumados vivendo no lodo, como fazem as flores-de-lótus? Perfumar quem nos fere, como o sândalo? Será que poderíamos nos vestir como os lírios do campo?
No decorrer dos seus bilhões de anos de existência - resistência e resiliência - a natureza criou estratégias inigualáveis e surpreendentes! E, apesar de irracionais, estes seres vivos realizam seus “milagres” sem consumir gananciosamente recursos naturais, poluir o planeta ou pôr em risco o futuro! Quando nós, os humanos racionais, tirarmos a coroa, descermos do pedestal e sentarmos no banco da sala-de-aula da Mestra Gaia e (re) aprendermos lições sobre paciência, competências e valores para uma vida feliz em comunidade, ainda poderemos salvar o nosso planeta e a nós mesmos. Que venha a Revolução Biomimética!

Mas... como fazer? Que utilidade teria e quais os benefícios que a biomimética traria para o nosso dia-a-dia em casa, no trabalho e na vida? Primeiro, transformaria o nosso sentimento em relação a Terra: reconheceríamos que estamos nela, fazemos parte dela, mas ela não nos pertence. Aceitaríamos que somos apenas uma entre 30 milhões (ou muito mais) de espécies que nela habitam. Ao resgatarmos e exercitarmos o respeito, a humildade e a “consciência do outro” estaríamos dando um grande passo na estrada da biomimética que conduz à salvação do planeta e todos os seres vivos.

Segundo, aprenderíamos, com o exemplo da natureza, a respeitar nossos limites e a viver dentro deles. Só nossa espécie - a que pensa - cai na armadilha vencer desafios “superando ou ultrapassando” fronteiras sem pensar ou temer as conseqüências. Como seria a nossa vida pessoal, profissional e social se utilizássemos todo o nosso potencial, desenvolvendo-o com sabedoria, sem ir além da linha do saudável e do político e socialmente correto?

A prática da biomimética possibilitaria mudarmos a maneira como estamos produzindo alimentos, produtos, “remédios”, usando a energia, administrando negócios, gerindo pessoas e - por que não? - gerando a nós mesmos. Talvez pudéssemos passar a limpo nossa consciência, reescrever nossa história e sair da rota de colisão e destruição. E, como alerta Janine M. Benyus em seu livro Biomimética - Inovação Inspirada pela Natureza: - “Nesta altura da nossa história, em que vislumbramos a possibilidade real de perdermos um quarto de todas as espécies vivas, nos próximos 30 anos, a biomimética torna-se mais que uma maneira de ver a natureza. Ela torna-se uma corrida e um meio de salvação”.

Artigo enviado por: Sandra Braconnot - jornalista e Editora do Portal das Flores

E-mail: sanfloresrj@gmail.com














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